segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Ai de nós, quem mandou?

Mulheres ganham salários menores do que os dos homens, e líderes feministas seguem lutando para reverter essa injustiça. Mas já não sei se é boa ideia continuar batalhando por igualdade. Depois de ler o resultado de uma recente pesquisa feita pela Universidade de Harvard, fiquei inclinada a pensar que talvez seja melhor manter as coisas como estão. A pesquisa de chama "Schooling can't buy me love" (Escolaridade não pode comprar amor) e confirma que mulheres que estudam mais progridem. Porém, quanto mais bem-sucedidas, menores as chances de casar. Os homens ainda não estão preparados para abrir mão da superioridade que o papel provedor lhes confere. E mesmo os mais antenados, que apoiam que suas mulheres sejam independentes, ficam inseguros se elas tiverem cargos de chefia e muita visibilidade. Ganhar dinheiro, tudo bem, mas aparecer mais do que eles já é desaforo.
Beleza. O que vamos dizer para as nossas filhas? Estudem, mas fazer doutorado e mestrado é exagero, antes um bom curso de culinária. Tenham opiniões próprias quando conversarem com suas amigas, mas em casa digam só 'ahã' para não se incomodar. Usem seu dinheiro para comprar roupas, pulseiras e esmaltes, esqueçam o investimento em viagens, teatro e livros. E na hora de se declararem, troquem o "eu te amo" por "eu preciso de você", "eu não sou ninguém sem você", "eu não valho meio quilo de alcatra sem você". Homens querem se sentir necessários. Amados, só, não serve.
Que encrenca que as feministas nos arranjam. Estimularam o pensamento livre, a autoestima, a produtividade e a alegria de trilhar um caminha condizente com o nosso pontencial. De apêndices dos nossos pais e maridos, passamos a ter um nome próprio e uma vida própria, e acreditamos que isso seria excelente para todos os envolvidos, afional, os sentimentos ficam mais honestos, e com eles os relacionamentos. O amor deixou de ser o álibi para um lucrativo arranjo social. Passou a ser mais espontãneo, e as carências de homens e mulheres foram unificadas, já que todos precisam uns dos outros para dividir angústias, trocar carinho, pedir apoio, confessar fraquezas, unir forças no momento de dificuldades. Todos se precisam da mesma forma, não de formar distintas. Mas há quem defenda que homem só precisa de paparico, e mulher, de quem tome conta dela, punto e basta.
Nunca imaginei que em 2010 estaria escrevendo sobre isso. Achei que homens já tivessem percebido o quando ganham em ter uma mulher inteira ao seu lado, e não um bibêlo. Acreditei que a competitividade tivesse dado lugar a um companheirismo mais saudavél e excitante, em que todos pudessem se orgulhar dos seus avanços e se apoiar nas quedas, mas que iludida: isso não existe, filha. Essas mulheres aí que não cozinham, não passam, não lavam, só evoluem, essas não são exemplo para ninguém, são umas coitadas de umas infelizes que pagam as contas e ainda se acham divertidas, se fazem de inteligentes, querem bater perna em Nova York, pois vão arder no fogo do inferno, vão amagar na solidão, vão morrer abraçadas nos seus laptops, aqui se faz, aqui se paga, pode escrever.
Estamos ferradas.