segunda-feira, 26 de abril de 2010

Feliz por nada

Geralmente quando uma pessoa exclama "Estou tão feliz", é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo. Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque ainda é abril e temos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável. Feliz por estar com as dívidas em pagas. Feliz porque se achou bonita. Feliz porque você não magoou ninguém hoje. Feliz porque daqui a pouco séra a hora de dormir e não há melhor lugar no mundo do que a sua cama.
Esquece. Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca. Essa tal felicidade inferniza. "Faça isso, faça aquilo". A troco? Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros. Mas não estando alegre, é possível ser feliz também. Não estando "realizado", também. Estando triste, felicíssimo igual. Porque felicidade é calma. Consciência. Felicidade é ter talento para aturar, é divertir-se com o imprevisto, transformar as zebras em piadas, assombrar-se positivamente consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer isso comigo? Pois é, são os efeitos colaterais de estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz. Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por não terem sido perfeitos. Apesar fazem o melhor que podem.
Se quiser ser mestre em alguma coisa, tente ser mestre em esquecer de você mesmo. Liberte-se de tanto pensamento, de tanta procura por adequação e livre-se simultaneamente! É uma senhora ambição. Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
E tempo esgotado para o questionário de Proust, essa mania de ter que responder quais são seus defeitos, suas qualidades, sua cor preferida. Chega de se autoconhecer! Nós estamos aqui, temos nossos jeitos, já carimbamos nosso estilo e assumimos que somos imperfeitos bem intencionados.
Feliz por nada talvez seja isso.

domingo, 18 de abril de 2010

A solução é continuar

"Seus conselhos. Mas existe um grande, o maior obstáculo para eu ir adiante: eu mesma. Tenho sido a maior dificuldade no meu caminho. É com enorme esforço que consigo me sobrepor a mim mesmo. [...] Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece"
Clarice Lispector

Viver é mesmo uma incógnita. Começo assim porque essa é a frase que mais tenho pensado e talvez a frase que mais me console nos últimos tempos. Vivo sensações diferentes todos os dias, e quanto mais penso em respostas mais dúvidas vão nascendo.

Acho que a gente realmente espera muita coisa da vida, e que ela (mesmo sem querer) realmente nos decepciona. A cada dia mais vivemos dialetos e temos sempre o embate de nos decidirmos entre o que é fácil e o que é certo. E que no meio das escolhas que fazemos, talvez o nosso maior obstáculo seja nos mesmos. Eu sou meu maior obstáculo. Eu faço com que tudo seja mais complicado, e confesso isso.

O que está por trás de nossas escolhas?

O que está por nós de nossas escolhas somos nós mesmos. São nossos pensamentos, nossos atos, nossa essência. Por trás de cada decisão, há um pensamento, uma preferência, um fato.

E decepção?

Tenho tido pensamentos inconstantes sobre essa palavra. Acho que nos decepcionamos porque criamos expectativas, e esperamos demais de quem não devemos. E é por isso que viver se torna tão complicado. Como administrar doses de sentimentos? De confiança? De consideração? As coisas vão acontecendo, e tem como negar isso?

A resposta é não. Idealizamos o fato de que conhecemos as pessoas, que sabemos o que esperar delas. Ou pior que isso, pensamos as vezes que conseguimos não esperar nada das pessoas, e mentimos para nós mesmos, mesmo sabendo que essa é a pior mentira.

Se há como evitar, eu ainda não sei. Acho que começar a equilibrar fatos é um bom começo, afinal nós somos nossas próprias dificuldades. É difícil se sobrepor, se controlar, controlar o incontrolável. Sentir é indigno em algumas situações. E indigno é pensar pessimistamente. E ser pessimista está muito longe de ser feliz.

Esclarecer?

Acho que isso ainda ta longe, não consigo dominar os porque’s da minha cabeça, e muito menos administra-los ainda. É preciso pensar no futuro, as respostas tem que chegar, e eu mesmo sei que só chegam quando for a hora certa. O maior problema é controlar minha angustia enquanto isso.

E enquanto isso?

Vou escutar e vou sentir. Acho que é isso..

Vou escutar Los Hermanos: “Não te dizer o que eu penso, já é pensar em dizer”
Vou escutar dos meus amigos: “Eu te amo”
Vou escutar da minha mãe: “É muito bom ver você crescer”
Vou escutar das minhas irmãs: “Você faz Biblioteconomia”
Vou escutar do Flavio depois de um belo abraço: “Com você me sinto melhor”
Vou me sentir aliviada jogando Polo Aquático.
Vou escutar do Jailton: “Equilíbrio Libriana”
Vou sentir a presença magnífica da Marcella, e o quanto ela me deixa mais leve com uma só frase: “Você é a melhor amiga do mundo”
Vou rir com a Yasmin sobre as tendências da moda.
Vou sentir saudade infinita do Bernardo. Vou chegar em casa e ver a Kekeka pular em cima de mim como se eu fosse a pessoa mais especial do mundo.
Vou fazer meu spinning de manhã, e depois correr pro banho pra não perder a hora da faculdade.
Vou ler a biografia da Clarice Lispector que ainda não tive tempo de terminar.
Vou curtir as matérias novas na faculdade, viajar pra conhecer pessoas novas.
Vou ir até a cozinha e passar pela sala e escutar do meu pai: “Filha, deita aqui comigo pra ver um filme” e depois ficar muito feliz de tê-lo por perto. Antes de dormir eu vou ouvir minhas playlists do meu Ipod. Vou rever alguns amigos que não vejo a muito tempo: Renata, Daphnne. Vou assistir aula, vou para o estágio, vou rir com o pessoal da minha turma. Vou a boas festas e a ótimos shows.
Vou torcer pelo Fluminense, meu time do coração. Vou viver, pois a melhor solução é sempre continuar.

domingo, 11 de abril de 2010

Estática mudança

A palavra certa para definir meus pensamentos e meus sentimentos ultimamente é essa, mudança. É como você levantar segunda-feira e saber que tem o mundo te esperando lá fora e continuar deitado.
É necessário mudança de vez em quando, de renovação..
É de extrema importancia às vezes acordarmos e nos perguntarmos quem somos, ou se estamos tomando decisões certas, é assim que se erra e que se aprende com os erros..
As poucos estou descobrindo que viver é isso! Tentar, errar e acertar, mas nunca desistir de tentar.
Acredito que eu estou curtindo muito essa momento de estáticas e notáveis mudanças, que encarar o novo é ousado, mas ao mesmo tempo muito bom.
Deixo ao destino e ao acaso minhas novas decisões, o tempo vai me provar se estou errada ou não.
Quanto a mim? Nunca me considerei completa, mas a sensação de vazio tá cada vez mais forte.

"É o tempo da travessia ...
E se não ousarmos fazê-la ...
Teremos ficado ... para sempre ...
À margem de nós mesmos..."

Fernando Pessoa

terça-feira, 6 de abril de 2010

Até quando?

Gostaria muito de não ficar revoltada com as coisas que acontecem, queria eu conseguir ver o que está acontecendo, e ficar calada. Mas não faz parte da minha personalidade. Queria dividir minha raiva, e colocar aqui (que é sempre minha válvula de escape) a minha revolta pelas pessoas que estão na rua, sem casas, com risco de vida..
E ainda assim ter que escutar do Sergio Cabral: "As pessoas estão sem abrigo e morrendo, porque constroem casas aonde não deveriam, em áreas de risco". Queria saber qual a solução então que ele dá pra essas pessoas que não tem aonde morar. Queria que alguém falasse pra ele (eu falaria sem problemas, mas infelizmente não tem como) que elas não optam em morar em lugares perigosos, mas não tem outra opção. Queria saber se ele passou a noite (como muitos de nós) tentando chegar em casa, e assistindo o desespero das pessoas na rua, abandonando seus carros, descendo dos ônibus, e esperando amanhecer (na chuva) para ver qual era a possibilidade delas chegarem em casa. Queria que ele desse só uma entrevista sincera, dizendo que o problema é a falta de estrutura do Rio de Janeiro, porque essa é a verdade. Que ele ao menos pedisse perdão para as pessoas que perderam seus familiares, que ele tentasse tranqüilizar as pessoas que estão em condições precárias, e que ficarão por um bom tempo nessas condições, afinal sabemos que nada se resolve da noite pro dia. Tudo é um processo, mas vamos combinar que nós brasileiros estamos de saco cheio de tudo ser um "processo", até QUANDO????
Fico me perguntando, até quando isso vai continuar assim, até quando pessoas com menos estrutura vão morrer, e vão virar estatísticas? Até quando vamos escutar o o Governador falando que a culpa é nossa, e vamos ficar quietos? Fico me perguntando se NINGUÉM mais se revolta com isso. Passei a noite na rua, esperando o tempo passar, e vi as pessoas desesperadas, os carros largados, as ruas cheias..Isso é culpa nossa também? As ruas ficarem alagadas em plena Zona Norte?
Estou farta de assistir pela televisão tanta desgraça e escutar que: “Não tem jeito”. Afinal quanto a nossa vida ta valendo? Cadê a humanidade das pessoas? O respeito pelo outro? Estamos caminhando mesmo cada vez mais para o final dos tempos, e não falo de abalos sísmicos (como por exemplo mostrado no filme 2012), mas sim dos atos e erros diários que cometemos. Como já dizia Renato Russo numa frase que pra muitos pode parece clichê, mas tem tudo de verdadeira: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há” E não há mesmo!
Quem vai cuidar e prezar por nós, senão nós mesmos? Humanos tem que cuidar de humanos, pois se não for desta forma estamos caminhando para trás. Quanto tempo mais vai demorar para perceber que estamos nos destruindo?
To cansada de assistir tanto egoísmo, tanta falsidade. Acho que a palavra mais exata para definição é angustia, fiquei angustiada o dia todo. As noticias me despedaçam, fico cada vez descrente da humanidade e com uma vontade incansável de gritar para o mundo que somos uma vergonha. Que me envergonho da humanidade, que cada vez mais acho que não temos salvação. Sei que diferentemente do que foi para mim, um dia recheado de tragédias, de noticias trágicas, de desigualdade estampada, de crueldade.. para muitos hoje foi feriado. E que feriado bom em plena terça-feira. Dias como o de hoje, tinham que servir para pessoas refletirem, e aprenderem com a dor do outro. É fácil para muitos de nós, chegarmos em casa tendo água, casa, conforto, cobertor, comida. Só estamos esquecendo que HÁ tanta vida lá fora. Que tem gente que perdeu tudo, que ta sofrendo as conseqüências e que precisam de ajuda.
Gostaria imensamente de dizer ao Sr. Governador que ao invés de por a culpa nas pessoas, que por favor as respeitem e que peça desculpas a essas pessoas por não oferecer a elas o mínimo que um ser humano digno tem direito.
Queria dividir minha tristeza, meus pensamentos, minha revolta, minha angustia, nem que seja com minhas próprias palavras.
Afinal, hoje é um parente de alguém, a casa de alguém, a família de alguém, mas amanhã sei que pode ser a minha.
Precisamos nos ajudar! Isso tem que fazer parte da nossa essência por sermos humanos e termos a capacidade de amar.
Sei que para continuar vivendo eu preciso acreditar na mudança, na idéia de que se cada um fizer um pouquinho aos poucos o mundo caminha para a melhora. Que começando por mim já está bom, mesmo sempre tendo a sensação de querer mais e mais..
Hoje eu to fraca, mas amanha sempre nasce um outro dia, e tomara que ele seja melhor...

“A gente tá vendo tudo, tá vendo a gente
Tá vendo no nosso espelho, na nossa frente
Tá vendo na nossa frente a aberração
Tá vendo, tá sendo visto, querendo ou não
Tá vendo no fim no túnel escuridão
Tá vendo a nossa morte anunciada
Ta vendo a nossa vida valendo nada
(...)
Sou um grão de areia no olho do furacão
Em meio a milhões de grãos cada um na sua busca
Cada bússola num coração
Cada um lê de uma forma o mesmo ponto de interrogação
Nem sempre se pode ter fé
Quando o chão desaparece em baixo do seu pé
Acreditando na chance de ser feliz
Na eterna cicatriz
Eterno aprendiz das escolhas que fiz
Pois sem amor eu nada seria”

Trecho: Palavras repetidas – Gabriel o pensador

sábado, 3 de abril de 2010

À Você..

E no meio de tudo você..
Que vive falando ao telefone
Que vive todo aterafado
Que enfrenta vários problemas diários
Você que anda por aí falando sobre mim, sem ao menos perceber
Que me faz elogios, e me deixa sem graça
Você que é sereno
Você que é brutal
Você que é o incoerente com mais coerência possivél
Você que não deixa nunca a porta se fechar
Que vive traçando planos e metas..
Que se preocupa só em não se machucar
Que pode ser presente, passado ou futuro, e não importa.
Que se decepciona, que decepciona alguém..
Que planta, que colhe
Que ri e que chora
Que não olha somente, e sim vê
Que não lê, interpreta
Que é o mistério sem haver mistério
Que é a contradição misturada com prazer
Que sabe quase tudo sobre o acaso
Que experimenta o futuro, mesmo temendo-o
Que se encomoda com injustiças
Que grita por liberdade
Que enxerga brutalidade
Que lida com fraternidade
Que beija com intensidade
Que toca com realidade
Que desliza a mão com rapidez pelo meu corpo fazendo-o sentir mais vivo
Você? Você é você, desse jeito e dessa maneira
Pra trás ou pra frente, deitado ou em pé, de perto ou de longe..
Sempre incostante..
Sempre mistério..
Agora, e somente a partir de agora..
Você, com essa sua essência..
Que é essencial para o semblante do seu ser ..
Assim tão bom.

"Então me diz qual é a graça, de já saber o fim da estrada, quando de parte rumo ao nada?" Paulinho Moska

De volta..

"Que to de volta pra casa, outra vez"
Interpréte: Lulu Santos

Pensei muito antes de criar um espaço desses mais uma vez, mas na ilusão contraditória dos meus pensamentos, me veio a vontade, que é sempre incostante e que me inunda toda vez que me pego pensando nisso. Me sinto à vontade por aqui, como se aqui fosse minha "casa", e toda vez que eu me sinto pequena em relação ao mundo, aqui é um dos lugares que me sinto mais a vontade pra me manisfestar, por isso me sinto de volta pra casa, outra vez.