domingo, 23 de maio de 2010

O que você está pensando?

Muitas vezes compartilhamos o silêncio com alguém que amamos muito, mas o amor nem sempe é blindagem suficiente contra insegurança, e aí aquele silêncio vai se tornando incômodo, aflitivo, até que, para não deixar o silêncio imperar, suge a invasiva pergunta:
-No que você está pensando?
Pode acontecer durante uma viagem de carro, durante uma caminhada, até mesmo em frente à Tevê:
-No que você está pensando?
Estava pensando se o bolo desandou por eu ter colocado farinha de rosca em vez de farinha de trigo. Estava tentando lembrar se foi o Robert Downey Jr. que fez o papel de Gandhi no cinema. Estava procurando entender como o elefante, sendo herbivoro, consegue ser tão gordo.
Como diria Olavo Bilac, certo perdeste o senso.
O pensamento é sagrado , o único território livre de patrulha, livre de julgamentos, livre de investigações, livre, livre, livre.
Área de recreação da loucura. Espaço aberto para a imaginação. Paraíso inviolável. Se estivermos estranhamente quietos num momento em que o natural seria estarmos desabafando, ok é bacana que quem esteja ao nosso lado demonstre atenção. Você stá aborrecido comigo? Está preocupado? Quer conversar? Está precisando de alguma coisa? Quem gosta de nós percebe quando nosso silêncio é uma manifestação de sofrimento ou desagrado, e nos convocar para um diálogo é uma tentativa de ajudar.
Porém o silêncio da paz, do sossego não merece ser interrompido por suspeitas. Sim, até pode ser que isso te faça mal, mas esse é um mal necessário.

"Porque metade de mim é o que eu grito, e a outra metade é silêncio"
Oswaldo Montenegro

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Aceitar a morte

"Se quiseres poder suportar a vida, fica pronto para aceitar a morte."
Sigmund Freud

Aceitar a morte? Que todo mundo que aceita me desculpe, mas nem Freud consegue explicar.
Como é possivél alguém aceitar perder alguém? Porque isso tem que ser assim? São muitos questionamentos. Talvez um dia eu consiga entender qual o objetivo e a relevância da morte.
Morte significa fim. Significa término de vida. Em primeiro lugar morrer se torna tão dificil pelo seu antônimo: viver. Pois essa é a melhor arte, melhor diversão e o melhor presente do mundo.
Viver mesmo que não tão intensamente, mesmo quando tudo dá errado, mesmo com todas as dificuldades do nosso dia-dia continua sendo o mais maravilhoso mistério da humanidade.
A morte ainda me assusta, sempre me surpreende, sempre me abala. Fico em mil pedaços só de imaginar que alguém que ontem esteve comigo, hoje pode não estar mais. Que ontem nos riamos juntos, hoje a morte pode nos separar. Ontem eramos amigos, hoje o destino decidiu que não somos nada.
Fico me perguntando se é justo ou injusto, se é digno ou indigno. E não acho respostas em meio há tantos questionamentos.
A própria vida nos ensina que a morte é a nossa única certeza, sendo assim prefiro acreditar que as pessoas que eu amo de verdade jamais morreram para mim. Porque guardo dentro de mim todas as lembranças e todos os momentos (sendo eles bons ou ruins) que aquela pessoa me proporcionou e dividiu comigo. E isso a morte não pode apagar. Isso é mais forte do que qualquer perda, isso é amor. Isso é saudade infinita. E apesar disso ser triste, é a mais pura verdade.
Enquanto eu fico tentando responder aos meus questionamentos, eu vou aproveitando a oportunidade de ainda estar viva e aprendendo cada vez mais a dar valor a isso.