Muitas vezes compartilhamos o silêncio com alguém que amamos muito, mas o amor nem sempe é blindagem suficiente contra insegurança, e aí aquele silêncio vai se tornando incômodo, aflitivo, até que, para não deixar o silêncio imperar, suge a invasiva pergunta:
-No que você está pensando?
Pode acontecer durante uma viagem de carro, durante uma caminhada, até mesmo em frente à Tevê:
-No que você está pensando?
Estava pensando se o bolo desandou por eu ter colocado farinha de rosca em vez de farinha de trigo. Estava tentando lembrar se foi o Robert Downey Jr. que fez o papel de Gandhi no cinema. Estava procurando entender como o elefante, sendo herbivoro, consegue ser tão gordo.
Como diria Olavo Bilac, certo perdeste o senso.
O pensamento é sagrado , o único território livre de patrulha, livre de julgamentos, livre de investigações, livre, livre, livre.
Área de recreação da loucura. Espaço aberto para a imaginação. Paraíso inviolável. Se estivermos estranhamente quietos num momento em que o natural seria estarmos desabafando, ok é bacana que quem esteja ao nosso lado demonstre atenção. Você stá aborrecido comigo? Está preocupado? Quer conversar? Está precisando de alguma coisa? Quem gosta de nós percebe quando nosso silêncio é uma manifestação de sofrimento ou desagrado, e nos convocar para um diálogo é uma tentativa de ajudar.
Porém o silêncio da paz, do sossego não merece ser interrompido por suspeitas. Sim, até pode ser que isso te faça mal, mas esse é um mal necessário.
"Porque metade de mim é o que eu grito, e a outra metade é silêncio"
Oswaldo Montenegro
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